O início de tudo.
Acho que a ‘culpa’ de eu gostar tanto de música é da minha família, da maneira que eles sempre trouxeram a música pra dentro de casa. Uma boemia aflorada em serestas improvisadas, e em farras homéricas onde todos tinham que cantar e participar. A sorte disso tudo é que nesse ambiente havia músicos profissionais, e outros amadores, como o meu pai, que nunca seguiram a carreira, mas que tinham um talento enorme. A maioria das músicas que se escutava nesses encontros vinha da década de 50, com muito ‘chorinho’, marchas de bloco e muito romantismo, onde a ilusão me transportava para um tempo que eu não havia vivido, mas que aprendi a gostar logo cedo. Eu costumava colocar terças (sem ninguém ter me ensinado), e toda vez que minha mãe me elogiava eu ficava encabulado, e parava de cantar abusado. Sabe como é, o caçula geralmente já é bajulado demais (rs). Parece que eu to vendo a farra pronta:
Meu tio Bila, no cavaquinho; Marco César, no bandolim; minha prima Valéria, dona de um talento incrível, quando não estava tocando Flauta, estava cantando marcha-canção; Meu tio galego assumia o pandeiro, instrumento que fiz questão de aprender a tocar (eu acho!); meu pai com seu vozeirão, começava tímido, bebendo um whiskinho de leve, logo se tornava um gigante, arrancando aplausos e saudações. Minha mãe, que é fã de Dalva de Oliveira, dava um show quando relembrava canções da mesma, e fazia duetos com meu pai, quase perfeitos; Uma das vozes mais lindas que eu já ouvi e vi, minha tia Naná, cantando fados (alô Portugal!!); e ainda tinha Tia Nena, que puxava sempre uma canção de Nelson Gonçalves, e que recentemente, presenteou-me com alguns dos seus preciosos discos do mestre, em vinil- verdadeiras relíquias! Nessa época eu, meus primos e minhas irmãs, participavamos de tudo, beliscando os tira-gostos dos que estavam “bebendo”, e tomando coca-cola, guaraná ou fanta.
Sem dúvida, um tempo que não volta mais. Cresci em meio a tudo isso e sinto muita saudade das épocas de carnaval e copa do mundo, onde a farra era elevada ao quadrado. Eram fantasias e blocos, que saiam pelas ruas, e eu nunca me senti censurado em nada. Mesmo muito pequeno (mais ainda), eu acompanhava tudo. Vivi muitas dessas farras em Pesqueira-PE, terra do doce e da renda, terra dos meus pais e que considero minha terra também; e depois, em outra fase, em Itamaracá, local o qual nunca abandonei, e até hoje costumo passar grandes momentos. Todos esses momentos nunca sairão da minha memória. Era, apenas, o começo de tudo.
Bom domingo em família!! Seguem algumas fotos